Minhas duas elei莽玫es
Como cidad茫 com dupla nacionalidade, estou me vendo neste ano em uma situa莽茫o peculiar: votar em duas grandes elei莽玫es para escolher os l铆deres dos meus pa铆ses.
Coincidentemente, esses dois pa铆ses v茫o 脿s urnas para decidir se d茫o continuidade aos muitos anos de mandatos da esquerda ou se preferem ver mudan莽as no poder.
Tamb茅m nos dois, a corrida eleitoral j谩 come莽ou h谩 tempos, com os pr茅-candidatos fazendo suas campanhas, os institutos de pesquisa oferecendo simula莽玫es dos resultados, os analistas pol铆ticos tra莽ando este ou aquele cen谩rio.
Mas as semelhan莽as param por aqui.
No Brasil, por mais desanimada que seja uma campanha, n茫o h谩 como fugir dela: temos propaganda eleitoral gratuita, cartazes e pixa莽玫es, conversas na padaria e na fila do 么nibus, gente fazendo boca-de-urna, carreatas. De alguma maneira ou de outra, voc锚 vai acabar falando de pol铆tica.
Aqui na Gr茫-Bretanha n茫o tem nada disso. Uma pessoa n茫o muito interessada em pol铆tica pode passar 脿 margem do assunto e ir tocando a vida.
Para o eleitor brit芒nico, o sinal da proximidade de uma vota莽茫o 茅 uma carta que o registro eleitoral manda para confirmar que naquele endere莽o h谩 x pessoas habilitadas a votar. Eles aproveitam e perguntam tamb茅m se voc锚 quer votar por correio.
Agora, com as elei莽玫es parlamentares previstas para maio, tenho recebido folhetos e mais folhetos dos candidatos da minha "constituency" (ou distrito eleitoral, que no meu caso engloba dois bairros do norte de Londres). Eles dizem o que conseguiram fazer pela comunidade local nos 煤ltimos anos e o que querem fazer se forem eleitos. O candidato conservador do meu bairro aproveitou tamb茅m para dizer que ele 茅 o 煤nico capaz de derrotar a atual MP trabalhista.
Os poss铆veis novos primeiros-ministros, o atual Gordon Brown e o rival David Cameron, d茫o entrevistas a v谩rios 贸rg茫os de imprensa, rodam o pa铆s para fazer o "corpo a corpo" com o eleitorado, d茫o opini茫o sobre tudo. Pela primeira vez na hist贸ria, far茫o um debate frente a frente. Mas o clima de "j谩 ganhou" dos conservadores esvazia a elei莽茫o brit芒nica de emo莽玫es.
O voto aqui n茫o 茅 obrigat贸rio e eu, que sa铆 do Brasil h谩 tantos anos, poderia fazer como v谩rias pessoas que conhe莽o e simplesmente justificar minha aus锚ncia.
Mas como filha de pais que s贸 votaram pela primeira vez aos 45 anos, estou contente de poder votar em dose dupla.
O chato daqui vai ser mandar minha escolha pelo correio, sem aquela emo莽茫o de ir at茅 a se莽茫o eleitoral e digitar o voto na urna, dar uma olhada no movimento, ouvir o que as pessoas est茫o dizendo.
Ainda bem que no fim do ano, tenho meu dia de ir 脿 embaixada brasileira. A fila em 2006 foi bem maior que em 2002, e este ano acho que vai estar ainda maior. Mas tudo bem, compenso nas barracas de pastel montadas por ali.