A inseguran莽a no esporte
O astro do Manchester City, Emmanuel Adebayor, achou que fosse morrer. Durante meia hora, ele e seus companheiros da sele莽茫o de Togo tentaram se proteger das balas que perfuravam o 么nibus que os levava para a Copa Africana de Na莽玫es. O trauma causado pelo ataque tirou Togo do torneio e manchou a reputa莽茫o de Angola, que tanto investiu na organiza莽茫o da competi莽茫o como forma de mostrar ao mundo ser uma na莽茫o de presente e futuro pr贸speros.
Como os palestinos mascarados que tomaram atletas israelenses na Olimp铆ada de Munique, em 1972, os rebeldes do enclave angolano de Cabinda conseguiram o que desejavam: tornar sua causa conhecida mundo afora, por meio de uma a莽茫o armada contra esportistas, em uma competi莽茫o observada pela comunidade internacional. A Flec (Frente de Liberta莽茫o do Enclave de Cabinda) diz que a regi茫o est谩 em guerra e prometeu novos ataques. Uma desconhecida disputa local transforma-se assim em uma preocupa莽茫o para o mundo, que se pergunta se um incidente semelhante pode ocorrer quando 32 pa铆ses disputarem a Copa da 脕frica do Sul, daqui a cinco meses.
Os organizadores da Copa do Mundo foram r谩pidos em negar qualquer liga莽茫o poss铆vel entre as duas realidades. Lembraram que a 脕frica do Sul, pa铆s mais rico da 脕frica, apesar de extremamente desigual, 茅 muito diferente de Angola, que at茅 poucos anos atr谩s ainda sofria com sua guerra civil. Confundir os dois seria, segundo esse racioc铆nio, como temer atentados na Olimp铆ada de Londres por causa da a莽茫o do ETA na Espanha. Verdade. Mas o atentado contra a delega莽茫o do Togo mostra qu茫o vulner谩vel um evento esportivo de grande porte realmente 茅 diante da a莽茫o de grupos pol铆ticos armados ou mesmo criminosos comuns.
Em mar莽o do ano passado, a sele莽茫o de cr铆quete do Sri Lanka foi alvo de um atentado no Paquist茫o, pa铆s que agora praticamente n茫o consegue convencer ningu茅m a disputar jogos em seu territ贸rio por causa do medo de novos ataques. Em outubro, (comunidade que basicamente re煤ne ex-col么nias brit芒nicas), e a seguran莽a 茅 uma das principais preocupa莽玫es, especialmente depois do que aconteceu em Mumbai em 2008. Assim como ser谩 na Copa de 2014, no Brasil, na Olimp铆ada do Rio de Janeiro dois anos depois ou nos Jogos de Londres, daqui a dois anos. Praticamente todas as sedes das futuras grandes competi莽玫es esportivas t锚m motivos suficientes para investir mundos e fundos para garantir que seus eventos ocorram sem nenhum imprevisto do tipo que vimos em Angola.
A origem do problema n茫o importa tanto. Os culpados por poss铆veis disparos ou explos玫es podem ir de amadores traficantes de drogas 脿 Al-Qaeda, passando por desconhecidos grupos separatistas. Mas a verdade 茅 que atletas ou mesmo torcedores em competi莽玫es esportivas s茫o alvos f谩ceis e que, inevitavelmente, se traduzem em grande repercuss茫o internacional. Se algum dia houve uma certa 茅tica na realiza莽茫o de atentados contra civis, poupando os participantes de eventos que celebram a confraterniza莽茫o internacional e a diversidade, o ataque em Angola nos lembra que n茫o h谩 regras nem certezas quando o assunto 茅 seguran莽a.